Story of a family
Gramaxos – Família antiga oriunda do Alentejo, existem em Évora desde o tempo de D. Afonso III. Espalham-se pela zona, Arraiolos, etc. No tempo de D. João I recebem importantes mercês régias, usufruindo de terras coutadas pelos Reis. Pensa-se que esta família seja oriunda de Espanha, onde já existia uma outra de apelido parecido – GRAMAJO e de Brasão semelhante.
No tempo de D. Pedro I, por volta de 1360, teve o título de Barão, Pedro Anes Gramaxo, casado com Mor Afonso de Bulhão, sua filha Isabel de bulhão casou com Afonso Lopes de Bulhão, seu primo. Esta família Bulhão supõe-se aparentada com Fernando de Bulhões, nome de batismo de Santo António, de Lisboa, de Pádua. (Stº António)
Por fins o séc. XV, foram os Gramaxos dos primeiros povoadores da ilha da Madeira, através de Rui Gramaxo, oriundo de Évora e fidalgo de D. João I, estabeleceu-se em Santa Cruz, seu filho Salvador Gramaxo no Funchal e na freguesia de Gaula Gonçalo Pires Gramaxo, onde ocuparam cargos de relevo político e social. (ACHADA DO GRAMACHO- SANTANA.)
Em 16 Fevereiro de 1554 é concedida nova Carta de Armas a Diogo Jacome Gramaxo, morador em Alcácer do Sal, sobrinho do anterior Rui Gramaxo, estabelecido na Madeira.
Rumando também ao Sul estabelecem-se no Algarve, principalmente da zona de Silves, Portimão e Lagos.
FOTO e DESC DO TUMULO
Alguns Gramaxos partem do Algarve rumo a outros destinos, nomeadamente para as Indias de Castela, na América do Sul, onde se estabeleceram como importantes comerciantes, negociando com a Europa e Africa. È o caso de Jorge Fernandes Gramaxo, mercador, que foi viver para as Índias de Castela.
O mais rico e influente comerciante em Cartagena das Índias, em 1620, era Jorge Fernandes Gramaxo, natural de Vila Nova de Portimão, reino dos Algarves. Emigrante nos domínios castelhanos nas Índias Ocidentais, onde beneficiou da proteção das mais elevadas instâncias de poder da Monarquia Católica Espanhola.
Hábil na gestão dos negócios ao longo de três décadas, construiu uma sólida fortuna traduzida em créditos, edifícios, Estâncias e fragatas. Em 1595, o capitão Jorge Gramaxo havia preparado duas fragatas à sua custa, com sessenta arcabuzeiros e mosqueteiros, e com elas esteve no Puerto de la Caleta, por ordem do governador para proteger a entrada da cidade do ataque do Corsário Francis Drake.
Ao longo de toda a nossa epopeia marítima, esta família revelou uma série de indivíduos ligados ao mar e ao comércio marítimo.
Havendo ainda notícia de Diogo Nunes Gramaxo, Capitão do Galeão “S. Luís” que partiu em 4 de Abril de 1591 para Malaca.
O Brasil foi também destino dos Gramaxos em diferentes épocas.
Capitão Romão Gramacho Falcão, a quem se atribui a fundação de várias cidades do interior de Minas Gerais e da Bahia, é provável que tenha nascido por volta de 1710 e falecido no ano de 1772.
Há notícia ainda no séc. XVIII de António de Brito Gramaxo, capitão de infantaria com exercício de engenheiro na praça da Baia, cargo para o qual foi nomeado em 1731. Tendo sido também figura de destaque na época, seu filho o padre Roberto de Brito Gramacho.
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Em Portugal e no norte, vindo do mar, pelos anos de 1530, fixa-se JOÃO ANDRÉ GRAMAXO. Viveu na freguesia de S. Miguel da Palmeira, deu origem aos Gramaxos da Maia e suas posteriores ramificações.
Sua Bisneta, D. ANA ANDRÉ GRAMAXO, casa a 3 de Novembro de 1633, em Leça da Palmeira com Simão Martins Ferreira, são nessa altura moradores em Matosinhos.
Simão era natural de Monção ou de Valença do Minho, homem rico, mercador e armador de navios de que ele próprio era capitão. Foi Alferes de Infantaria em Tânger, sem soldo, foi armado cavaleiro no campo. Faleceu em Aveiro de uma pedrada que lhe deram quando assistia à construção de um seu navio.
Em 1648 compraram o Casal da Granja em Barreiros, sendo que esta propriedade era Foreira da Baliagem de Leça desde 1604. Ficou nesta altura constituído uma espécie de Morgadio que na vida seguinte de um seu descendente mudou de denominação.
Diogo Martins Gramaxo, era casado com D. Ana Selrrique, filha de João Piper de origem Flamenga. Na sua vida renova o prazo do Casal da Granja por 3 vidas, principiando-se então a denominar-se “Quinta de Barreiros”.
Destaca-se posteriormente um seu filho, D. DIOGO DE ANDRADE GRAMAXO. Nasceu a 18 de Agosto de 1676, filho de Diogo Martins Gramaxo e de sua mulher D. Ana Selrriqua, na freguesia de S. Nicolau, Porto, foi batizado a 25 de Agosto. Formado na Faculdade dos Sagrados Cânones da Universidade de Coimbra. Foi-lhe concedida Carta de Brasão em 20 de Maio de 1718 com as armas dos GRAMAXOS, por El Rei D. João V. Atendendo à pessoa e merecimentos, deu a D. Diogo de Andrade Gramaxo, o lugar de Capitão da Fortaleza de N. Sr.ª do Socorro da Porta Nova da cidade do Porto, em 19 de Janeiro de 1719. Foi Familiar do Santo Oficio, por carta de 24 de Maio de 1720.
Faleceu a 5 de Outubro de 1725 nas casas do Forte da Porta Nova, freguesia de Miragaia, Porto, onde era morador e foi a enterrar no Convento de S. Francisco.
Diogo de Andrade Gramaxo fez testamento em outubro de 1725, deixando a sua Quinta de Barreiros e suas pertenças a seu sobrinho o Padre Vicente Gramaxo, que posteriormente lega a seu primo Diogo António de Andrade Gramaxo, Sargento-mor da Baliagem de Leça, filho do anterior autor da sua herança. Foi neste tempo que a quinta de Barreiros passou a chamar-se Quinta da Boa Vista, com o aumento de área por compra de outros terrenos que se lhe juntaram. Diogo António de Andrade Gramaxo, faleceu a 11 de abril de 1805, sargento-mor já reformado com perto de 90 anos, era á data o homem mais velho da freguesia. Envolto no hábito de S. Francisco e acompanhado por 28 pobres foi sepultado na capela-mor da igreja da Maia.
O Padre Vicente Gramaxo foi figura de destaque na Maia, doou terrenos da Quinta de Barreiros para a ampliação da igreja e foi um reconhecido benfeitor da comunidade Maiata. Da Romaria a Nossa Senhora do Bom Despacho, diz a história que o seu andor foi oferecido pelo Reverendo Vicente Gramaxo, cavaleiro da ordem de Cristo. O andor era encastrado de pedras preciosas e rubis. Faleceu em 13 de outubro de 1752, foi sepultado no altar-mor da igreja matriz da Maia em sepultura armoriada com o brasão do Gramaxos.
Em posteriores gerações vamos encontrar a descendência da família Gramaxo nos casamentos de duas irmãs: Gertrudes Ludovina de Andrade Gramaxo que casa com Cristóvão José Rebelo, notário no concelho da Maia e posteriormente escrivão das cisas da alfândega do Porto e de Josefa de Andrade Gramaxo que casa com Joaquim José Rebelo. A este Joaquim José, boticário de profissão, se atribui a fundação da primeira farmácia no norte de Portugal. Cristóvão José e Joaquim José eram também eles irmãos.
De Gertrudes Ludovina e Cristóvão descendem os denominados Gramaxos do Porto, tendo sido figura de destaque impar seu filho o Dr. José de Andrade Gramaxo.
Nasceu na Maia na freguesia de S. Miguel de Barreiros em 25 de Maio de 1826, formou-se na Universidade de Coimbra em medicina no ano de 1848, tinha na altura 22 anos de idade.
Regressado ao porto foi professor na escola médico-cirúrgica desta cidade. Foi vereador da Câmara Municipal do Porto, foi louvado pelo serviço prestado durante a epidemia de cólera que grassou em 1855. Depois de jubilado, foi durante um curto período de tempo, reitor do liceu do porto. Foi presidente da sociedade união médica, constituída em 1882, que esteve na origem da atual Ordem dos Médicos. Foi amigo pessoal de Luís Pasteur, Camilo Castelo Branco dedicou-lhe uma tradução sua titulada “Cenas da hora Final”. Segundo Ricardo Jorge, também ao Dr. José de Andrade Gramaxo se ficou a dever em grande parte o ressurgimento da estância Hidro Medicinal do Gerês. Faleceu no Porto em 2 de março de 1921, com 95 anos. Deixou numerosa descendência espalhada principalmente pelo Porto e Vila Real.
De sua bisneta, Maria José de Castro de Sousa Guedes Bessa de Vasconcelos Gramaxo, por casamento com o António Caetano Machado e Silva de Sá Couto da Cunha Sampaio Maia descendem os atuais Condes de S. João de Ver. Possuidores da Casa da Torre, construída no Século XVIII onde pontifica um formoso fontanário da autoria do arquiteto italiano, Nicolau Nasoni.
Foi também bisneto do Dr. José de Andrade Gramaxo, José Luís Retumba Gramaxo, homem do mar que capitaneou diferentes navios de pesca durante quase 30 anos. Graças ao seu espirito empreendedor em 1964 funda a “CERFIL”, em 1968 a “EURONET” empresas ligada ao fabrico de corda e redes que se encontram atualmente sedeadas na cidade Maia. Mais tarde funde-se com um outra companhia Holandesa constituindo um importante e forte grupo empresarial de cariz multinacional, que chegou a contar com 1300 trabalhadores no seu ativo, sendo líder mundial no fabrico de cabos sintéticos e redes de pesca. A sua produção estava distribuída em Portugal por 4 unidades industriais. É na Maia que encontramos a “Rua da Cerfil” também conhecida por Rua do Capitão Gramaxo.
Do casamento de Josefa de Andrade Gramaxo com Joaquim José Rebelo nascem numerosos filhos havendo só descendência de Bernardino Rebelo Gramaxo, Agostinho Augusto Júlio e de Rodrigo Gramaxo Rebelo de quem descendem os Gramaxos da Quinta da Boa Vista, da Casa da Botica e os Gramaxos de Matosinhos.
Bernardino Rebelo Gramaxo, por herança de seu tio João Anacleto Gramaxo, ficou senhor da Casa dos Gramaxos. Viajou pelo Brasil onde esteve na companhia do Visconde de Barreiros, seu conterrâneo da Maia.
Foi seu filho João Anacleto Rebelo Gramaxo, que nasceu na Quinta da Boa Vista a 14 de Maio de 1871 e faleceu a 17 de Junho de 1938. Casou com D. Laura Maria Pinto de Azevedo, filha do Dr. Joaquim Pinto de Azevedo, Lente da antiga Escola Médica do Porto. Cursou direito em Coimbra até ao 3º ano, altura em que abandonou para se dedicar á gerência das suas propriedades.
Seu único filho, Samuel Pinto de Azevedo Gramaxo, nasceu na Maia a 5 de Novembro de 1899 e faleceu a 27 de Dezembro de 1958. Foi dos primeiros sócios efetivos da Santa Casa da Misericórdia da Maia. Em sua vida era responsável pela organização da Romaria de Nossa Senhora do Bom Despacho. Foi também por sua iniciativa que esta Romaria passou a prolongar-se á segunda-feira seguinte, dia em que se realizam as comunhões solenes. A Camara Municipal da Maia, agraciou-o batizando uma artéria com o seu nome. “Rua Samuel Gramaxo”.
Sua única filha, Maria de Fátima Pereira de Azevedo Gramaxo, nasceu a 23 de Janeiro de 1944, tinha 14 anos quando faleceu seu pai.
Albina Pereira da Silva, mãe de Fátima, desempenha a partir desta altura um papel deveras importante na conservação e manutenção do património da Quinta da Boavista, por vezes e em alturas difíceis, com enorme sacrifício pessoal.
É de sua iniciativa a reconstrução da casa da Quinta da Boavista, que assim se manteve até aos nossos dias.
Fátima, em 1964 casa com o Dr. Hamilton Joaquim Gonçalves de Sousa, natural de Santo Tirso, médico da especialidade de otorrinolaringologia do Hospital de Santo António no Porto.
Em 1973 este casal faz importante e grandiosa doação á Camara Municipal da Maia. Dos cerca de 10.000 metros quadrados doados da Quinta da Boa Vista foi possível alargar significativamente o cemitério da Maia e abrir uma nova artéria, desanuviando assim a Igreja Paroquial e melhorando as suas acessibilidades. Repetindo-se uma vez mais na história, e á imagem dos seus antepassados, a Família Gramaxo despoja-se mais uma vez de património seu a favor da Comunidade Maiata.
Outros atos de solidariedade e desprendimento material repetiram-se até aos dias de hoje, materializados na comparticipação aos custos de algumas recuperações efetuadas na Igreja Matriz.
Pela antiguidade e pela relevância social, política e religiosa desta família, existente há mais de 350 anos no Concelho da Maia, com o fim de preservar o seu interessante complexo habitacional seiscentista e, querendo fomentar num futuro próximo, o lazer, as artes e a cultura local, pela vontade e pelo bom despacho de, Maria de Fátima Pereira de Azevedo Gramaxo e Hamilton Joaquim Gonçalves de Sousa, constituiu-se no ano de 2013, a Fundação Gramaxo.

Brazão Gramajo