História de uma família

Diogo de Andrade Gramaxo fez testamento em Outubro de 1725, deixando a sua Quinta de Barreiros e suas pertenças a seu sobrinho o Padre Vicente Gramaxo, que posteriormente lega a seu primo Diogo António de Andrade Gramaxo, Sargento-mor da Baliagem de Leça, filho do anterior autor da sua herança. Foi neste tempo que a quinta de Barreiros passou a chamar-se Quinta da Boa Vista, com o aumento de área por compra de outros terrenos que se lhe juntaram. Diogo António de Andrade Gramaxo, faleceu a 11 de abril de 1805, sargento-mor já reformado com perto de 90 anos, era á data o homem mais velho da freguesia. Envolto no hábito de S. Francisco e acompanhado por 28 pobres foi sepultado na capela-mor da igreja da Maia.

O Padre Vicente Gramaxo foi figura de destaque na Maia, doou terrenos da Quinta de Barreiros para a ampliação da igreja e foi um reconhecido benfeitor da comunidade Maiata. Da Romaria a Nossa Senhora do Bom Despacho, diz a história que o seu andor foi oferecido pelo Reverendo Vicente Gramaxo, cavaleiro da ordem de Cristo. O andor era encastrado de pedras preciosas e rubis. Faleceu em 13 de Outubro de 1752, foi sepultado no altar-mor da igreja matriz da Maia em sepultura armoriada com o brasão do Gramaxos.
Em posteriores gerações vamos encontrar a descendência da família Gramaxo nos casamentos de duas irmãs: Gertrudes Ludovina de Andrade Gramaxo que casa com Cristóvão José Rebelo, notário no concelho da Maia e posteriormente escrivão das cisas da alfândega do Porto e de Josefa de Andrade Gramaxo que casa com Joaquim José Rebelo. A este Joaquim José, boticário de profissão, se atribui a fundação da primeira farmácia no norte de Portugal. Cristóvão José e Joaquim José eram também eles irmãos.
De Gertrudes Ludovina e Cristóvão descendem os denominados Gramaxos do Porto, tendo sido figura de destaque ímpar seu filho o Dr. José de Andrade Gramaxo.
Nasceu na Maia na freguesia de S. Miguel de Barreiros em 25 de Maio de 1826, formou-se na Universidade de Coimbra em medicina no ano de 1848, tinha na altura 22 anos de idade.
Regressado ao Porto foi professor na escola médico-cirúrgica desta cidade. Foi vereador da Câmara Municipal do Porto, foi louvado pelo serviço prestado durante a epidemia de cólera que grassou em 1855. Depois de jubilado, foi durante um curto período de tempo, reitor do liceu do porto. Foi presidente da sociedade união médica, constituída em 1882, que esteve na origem da atual Ordem dos Médicos. Foi amigo pessoal de Luís Pasteur, Camilo Castelo Branco dedicou-lhe uma tradução sua titulada “Cenas da hora Final”. Segundo Ricardo Jorge, também ao Dr. José de Andrade Gramaxo se ficou a dever em grande parte o ressurgimento da estância Hidro Medicinal do Gerês. Faleceu no Porto em 2 de março de 1921, com 95 anos. Deixou numerosa descendência espalhada principalmente pelo Porto e Vila Real.
De sua bisneta, Maria José de Castro de Sousa Guedes Bessa de Vasconcelos Gramaxo, por casamento com o António Caetano Machado e Silva de Sá Couto da Cunha Sampaio Maia descendem os atuais Condes de S. João de Ver. Possuidores da Casa da Torre, construída no Século XVIII onde pontifica um formoso fontanário da autoria do arquiteto italiano, Nicolau Nasoni.

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